domingo, 24 de janeiro de 2016

Jouldes Matos Duarte

Foi fantástico o espetáculo. Tava falando com Nelson agora a respeito, vocês conseguiram construir um trabalho maravilhoso. Saímos de lá ontem encantados com a força q vocês colocaram nessa peça. Vocês estão todos de parabéns.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Sandro Rogério

Foi adentrar um espaço estranho. Fomos presos nos nossos equívocos. Aos poucos fomos nos aproximando daquelas vidas, que no cotidiano queremos distância, através de suas angústias, desejos e imperfeições (também nossas). E ao final engolimos o que criamos diante de nossos medos. Com atuações sensíveis, provocativas, ironicas, críticas e viscerais. Foi uma vivência impar, um confronto com nosso igual que nos é estranho. Resultado e resultante de um sistema, que nos é comum e como tal imperfeito. Queremos intervir durante a encenação, porém não é fácil interromper diálogos tão interligados. Foi estar preso ao que estava vendo, ouvindo e sentindo. E também preso as nossas convenções, mas foi nesse momento que pude identificar os meus grilhões que me prendiam a cadeira. Me mantendo apenas espectador. Um obra aberta, que nos prendem em nossos medos. Beijos e parabéns a todos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Ednaldo Pichetto


Sem pretensão de criticar, apenas vontade de conversar como um espectador inquieto e amigo. 

Hoje assisti SISTEMA 25, no SESC Santo Amaro. Nem deu tempo pra me lembrar de que foi dali que sai, do curso de teatro em 1984, de uma prova pública, tímida, com um texto “ ÉVORA” escrito pelo professor José Manoel.

Ele mesmo! O provocador do Sistema. 

Quando eu penso que Zé já fez tudo que podia ter feito, ele inventa uma nova surpresa, e que surpresa! Um espetáculo lindo, questionador, forte, provocador e que nos deixa envolvidos com cada caída. 

Cada queda é um momento para uma reflexão do sistema... Do meio... Da gente. Senti-me um deles. Me vi em vários deles e chorei muito ao ver minhas mazelas alí na minha frente, explicitadas pra todos, mas só eu sabendo que eram minhas. 

Ufa! Sistema 25 tira nossas máscaras, arrança o véu da auto ignorância, nos deixa nus para nós mesmos.

O elenco é maravilhoso, gente que eu não via há 20 anos, e aí, pra mim, foi uma sensação bônus, um reencontro. Atores maduros, digo experientes, junto com jovens talentos. E mesmo assim não dá pra destacar ninguém, pois cada um tem seu momento e aproveitam. E como aproveitam, viu? 


Homogeneidade e competência definem bem e pronto!

Estou com “INVEJA BRANCA”, pois vocês vão poder dizer “eu fiz parte do elenco do Sistema 25” e eu, assim como de “AVOAR”, não. (risos)


Arrependi-me de não ter assistido antes, pois não acreditei nas pessoas que assistiram e que me diziam que era tão bom que eu nem iria perceber que o espetáculo tinha 2 horas e 40 minutos de duração. Pena mesmo, já teria assistido mais vezes. 

E é verdade nem se percebe. 

Desculpe-me mas acho que é um espetáculo pra conversar logo após debate), pois algumas questões ficam vagando no meu juízo. Queria saber qual a visão do elenco e da produção para cenas como a da filha maculada ou La Pietá de sangue(batizei assim).

Pois foi a cena que mais me chocou, uma filha lamentando e chorando a morte do pai, seu algoz e estuprador. Lembrou-me uma La Pietá invertida, onde ao invés da mãe (Virgem imaculada),  ter piedade do filho, tínhamos a filha(virgem maculada)com piedade do pai. Uma La Pietá de Sangue, onde quem sangrava não era o corpo sem vida, e sim a virgem maculada. Cena que precisava ser conversada, pois há um clima de melancolia, de profundo pesar, mas sem o sofrimento pela mácula e no texto ela questiona se é justo condenar alguém por amar demais, como se defendendo o pai. "Ele me amava como mulher, mas eu o amava como filha. E qual filha não quer ver seu pai feliz?" (é mais ou menos assim o texto), quando sabemos que quem ama não macula jamais. A beleza trágica da cena, onde se somam momentos de angústia e momentos de serenidade, e especialmente na postura contida da filha. Torna–a mais chocante ainda, ver o pai possuindo a filha sob o olhar de uma Nossa senhora fantasma, inexistente, sem referencial humano algum, apenas luz e resplendor.


Obrigado por todas as sensações vividas hoje. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Matéria do Satisfeita, Yolanda?

Sistema 25: Experiências na zona de risco
A atmosfera é de opressão. Ar denso, sufocante por tudo que o público vai ver ali. Um lugar pequeno demais para caber 25. Mas eles estão lá, se espremendo, definhando, sendo apagados naquele cubículo. De tão juntos perdem a individualidade. Prisão. Prisioneiros que exigem dos seus observadores um posicionamento político e social. Que talvez não venha.
O espetáculo Sistema 25 entra na sua quarta temporada. As duas primeiras sessões foram no Teatro Marco Camarotti. A terceira, e essa também, no Espaço Experimental (na Rua Tomazina). Cada apresentação para 25 espectadores. Todas lotadas.
Sistema 25 não é um espetáculo realista. Trata de prisões e agrupa 25 homens. Na primeira camada estão os detentos, criaturas que em condições indignas perderam a humanidade. Mas há de todo tipo, como nas cadeias aviltantes pelo país afora. Lá são criadas regras, hábitos, rituais, e uma luta medonha pelo poder. Ou para poder sobreviver.
Há muitas outras camadas, de afeto, de proteção, de medo, de lealdade, de cumplicidade. Mas vale tudo. Também a enganação. As partituras de ação foram construídas pelos atores-dramaturgos-narradores, sob a batuta do encenador José Manoel Sobrinho. Todo o processo começou há mais de um ano. E continua. Nesse procedimento contínuo de criação esses presos se digladiam e confessam suas culpas, histórias de toda ordem.
A montagem foi erguida movida pela paixão dos atores e a militância do diretor José Manoel.Sistema 25, apesar da complexidade da cena, do número de artistas e técnicos envolvidos, não tem patrocínio. É um teatro de resistência puro sangue. “Faço porque acredito na forma da arte para a minha vida e de vários outros”, confessa José Manoel. Confira abaixo entrevista do diretor e um pequeno depoimento de um dos atores.

Entrevista: José Manoel Sobrinho

José Manoel Sobrinho, encenador, professor de teatro e gestor
José Manoel Sobrinho, encenador, professor de teatro e gestor
Você sempre teve interesse de falar dos excluídos. Você desenvolveu há décadas atrás um trabalho nos presídios. Essa atuação nas prisões influenciou Sistema 25?
Durante muitos anos, como integrante da Federação do Teatro de Pernambuco, Feteape, coordenei os Projetos Coringa e Alvará de Expressão, no Sistema Penitenciário de Pernambuco realizando ações artísticas para e com pessoas em situação de prisão física. Em 8 presídios do estado. Era um projeto complexo e importante, pois eles assistiam, discutiam, faziam cursos, ensaiavam, montavam espetáculos e apresentavam nos presídios e nos teatros de Pernambuco. Uma experiência excepcional e uma equipe aguerrida de artistas e profissionais da extinta Secretaria de Justiça de Pernambuco.
Influenciou-me muito e influencia sempre, em todos os aspectos, principalmente para me fazer compreender melhor a situação do preso, uma visão mais humana, não condescendente, mas humana. Vivi experiências radicais no presídio, lidei com os extremos, com o poético, com o estético, mas com o furor produzido na prisão.
Mas a principal influência é que me faz afirmar que há muita humanidade e muita desumanidade convivendo no mesmo território. Lidei com extremos, doeu, foi difícil, mas vi a arte mudando a vida das pessoas, se não para mudar a condição, mas para fazer refletir sobre os pactos de convivência. Em quase 10 anos nunca houve uma situação de traição, há um pacto de forte convivência. Muito jogo de dominação.
Por que voltar aos presos?
Porque é de uma atualidade atroz. O sistema prisional brasileiro é algo assustador, construtor e promotor de criminosos. Uma fábrica de delinquências, sem controle, tudo misturado e ali convivem todas as pessoas. É brutal e desumano, nivela-se tudo e todos por baixo. Uma convivência brutal, porque as pessoas não são iguais e não há maldade em todos. Tem gente ali por pura fatalidade, por infortúnio, mas passa por todas as agruras.
Me interessa pensar no ser humano. Não falo de redenção, nem de perdão, falo de humanidade e de brutalidades.
Muita gente está lá sem sequer ser julgado. Presídios são fábricas de criminosos em potencial, lugares sem lei. Nada daquilo resolve a criminalidade, não baixa nada, só aumenta.
É lá, no presídio, que o crime se organiza e o poder público brasileiro não consegue resolver, não basta somente a força e a coerção. É um sistema muito caro para o país e que só dá prejuízo e não garante redução da violência.
A redução da maioridade penal, por exemplo, é manipulação para dizer que está fazendo algo para diminuir a criminalidade. É um blefe patrocinado por outros sistemas criminosos que atuam fora dos presídios. Outros grupos sociais com interesses diversos, para tirar o foco da atenção.
A peça é forte, potente é ali convivem várias cenas e ações que se completam e se chocam. Como foi o processo de construção de cada quadro?
Tem sido um processo longo, a partir de um monte do conto de Plínio Marcos. “São 25 homens presos num cubículo imundo onde só caberiam 8, 25 homens para morrer…”. Desse mote a dinâmica do espetáculo aconteceu.
Convidei 25 atores, 6 compositores, 1 iluminadora, 1 diretor musical, 1 assistente de produção e construímos juntos um processo que chamei de Jogos de Aproximação. Cada ator conduziria uma parte do jogo criativo, dominador e dominado, cada um foi líder por algum tempo. Diversos temas foram tratados e nos jogos elaborados na sala de ensaio a dinâmica foi sendo construída. Do que trabalhamos em salas, aproximadamente 60% está no espetáculo, os outros 40% foram descartados, estão no nosso corpo, nas memórias, são as memórias do coletivo.
De que forma Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, de Plínio Marcos, entra no espetáculo?
Na peça aparece apenas o mote acima referido. E claro todo o discurso subjetivo de Plínio Marcos. Ele foi sempre a nossa inspiração, o Plínio, mais que sua obra, as suas atitudes. Um homem de profunda humanidade, crente nas possibilidades da arte.
Espetáculo Sistema 25. Foto: Camila Sérgio
Espetáculo Sistema 25. Foto: Camila Sérgio

Que mudanças você empreende a cada nova temporada?

Tenho me aventurado, nada é definitivo, tenho modificado textos, trocado atores, mudado a dinâmica da trilha sonora (ora ao vivo, ora gravada), mudo o lugar do público (pequenas alterações, mas que desestabilizam os atores). Mas não tenho sido competente para radicalizar mais. É difícil, venho de um teatro burguês. Queria ser mais radical, me desestabilizar, aos atores e técnicos e ao público, mas sou medroso, não evolui muito.
Trabalhar com um elenco tão grande, sem patrocino nem lugar fixo para as apresentações não é uma insanidade?!
É uma insanidade sim, mas necessária para mim neste momento. Ano que vem completo 40 anos de teatro e não podia, nem queria me perder nos meus objetivos. Sou militante, a militância me chama. Faço porque acredito na forma da arte para a minha vida e de vários outros. O tempo tem sido generoso comigo porque me mostra, a cada hora passada que Arte pulsa e é necessária. Ingênuo? Utópico? Pode ser, não tenho medo, não devo muitas satisfações, nem tenho nada a provar. Quero fazer e faço. Para isso também serve o tempo, a passagem do tempo.
Não sei se quero um lugar fixo, aliás, sei, não quero. Pretendo realizar no mínimo 200 apresentações e ocupar uns 50 espaços do Recife e RMR. O difícil é a iluminação, essencial para a cena, mas cara. Luciana Raposo elaborou um projeto bem arrojado e não acho justo ela utilizar os seus equipamentos sem ser paga, eles se desgastam, precisam de reposição e a produção não tem verba. Isso é o que mais me preocupa.
Estreamos em abril e já fizemos 20 apresentações, no Teatro Marco Camarotti e no Espaço Experimental. Quero fazer no Teatro Hermilo Borba Filho, no Teatro Arraial, no Teatro Apolo, no Capiba, no Barreto Júnior, na Fiandeiros, no Poste, nos antigos Teatros do Forte (Cinco Pontas) e Clênio Wanderley (Casa da Cultura), quero fazer em Camaragibe, no Cabo de Santo Agostinho, em Jaboatão dos Guararapes, em Olinda, em Arcoverde e Garanhuns. Não sei como, mas eu vou fazer.


terça-feira, 16 de junho de 2015

Alcy Saavedra

Quase que o “tempo” me fazia perder a chance de assistir ao um espetáculo que me levou às lágrimas, ao riso e à satisfação de ver uma entrega do ator ao ofício de atuar. Nos dias corridos da atualidade eu me resignava a aceitar a ver uma récita de duas horas e quarenta minutos. Na verdade, Sistema 25 passa num piscar de olhos. Não senti o tempo passar. Senti muita emoção. Fui tocado pelo que me foi mostrado. Nosso sistema penitenciário pernambucano, semelhante a outros em nosso país, é revelado através de seu cotidiano cruel e paradoxalmente poético. Cheio de modelos de vida que quando vemos com os olhos a alma chora. Gostaria de agradecer pela viagem que esse elenco maravilhoso, com pequenas fragilidades pela falta de experiência de alguns, me proporcionou. A entrega do ator, como disse, é perceptível. A vontade de levar o público para aquele universo é conseguida. A direção conduz o público para onde ela quer. Não adianta fugir. Se temos a religiosidade como foco, lá está ela como um dos elementos existentes no mundo daqueles que estão jogados como restos humanos condenados a se tornar pó. O erotismo sempre presente na medida certa, porém honesta, se faz presente para os revelar um pacote cheio de preconceitos, amor e, por incrível que parece, respeito. Como recurso, a música se transforma em um passaporte mágico que nos enlaça fortemente. Que direção musical fantástica! Somos avisados que podemos tudo, mas quem pode é a arte. É ela que nos obriga a admitir que o que é bom nos faz querer mais. Por isso ninguém sai, por isso queremos ver mais, por isso que teatro é bom, por isso que tenho que falar disso tudo. Gostaria de rever, mas seria como ceifar a chance de outra pessoa integrar o grupo de 25 espectadores por apresentação. Então, quero repassar para muitos amigos poderem prestigiar esse trabalho tocante. Gostaria de levar um enorme abraço a cada um dos atores, ao diretor, aos técnicos que deixam contribuem para o resultado. Parabéns!

via Facebook

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Gutto Motta


Tive o privilegio de assistir a estreia dessa belíssima peça, convidado pelo meu amigo Nildo Barbosa, um grande ator e diretor de cultura de Jaboatão dos Guararapes. Entre o elenco também se encontra um dos maiores atores de Pernambuco, o qual admiro muito o seu trabalho Emanuel David D´Lúcard que também é meu amigo. Sem falar que estão em cena, mais 23 atores "fuderosos", (Geraldo Cosmo, Robson Queiroz, Pedro Dias, e mais que ainda não tenho em meu face) porque não dizer tops, excelentes, maravilhosos atores do cenário cultural do nosso Estado. 
Promover Cultura de qualidade é dar possibilidades de conhecimento aberto ao povo, e foi isso que o belíssimo diretor Jose Manoel Sobrinho fez no SISTEMA 25.

via Facebook

Leidson Ferraz

Dormi feliz ontem, pensando no teatro pernambucano. Sábado fui ver “Obsessão” e, no domingo, “Sistema 25”. São dois exemplos, por vias distintas, da resistência da arte cênica pernambucana, ambos produzidos sem qualquer verba do poder público, frutos da coragem dos artistas produtores Simone Figueredo, Ulisses Dornelas, Nilza Lisboa e Silvio Pinto, no primeiro caso, e de José Manoel Sobrinho e Carminha Lins, no segundo. Parcerias felizes com elencos e técnicos.

Até então em cartaz no Teatro Boa Vista, “Obsessão” me surpreendeu pela dramaturgia, repleta de reviravoltas bem ao estilo do carioquíssimo Jô Bilac. Escrita por Carla Faour, com direção de Henrique Tavares, é exemplo deste tipo de espetáculo que pode não agradar a grande parte da classe artística, mas acerta em cheio no gosto do público comum, aquele que quer desopilar das mazelas do dia a dia e rir apenas, rir muito. A trama discorre sobre duas ex-amigas rivais em tudo e, principalmente, na relação com os homens que rondam suas vidas. A montagem é over, sobretudo na interpretação, e claro que vai ganhar em muito quando for para um teatro onde o elenco não precise brigar com o pânico da enorme espacialidade, já que os microfones ajudaram bem pouco. O que mais me impressionou, no todo, foi a opção da atriz e produtora Simone Figueiredo, à frente daquele quarteto, em apostar numa obra que foge dos intelectualismos e quer, sim, ser apreciada pelo espectador com exigências medianas. E isto (bem) produzido com a cara e a coragem, o que resultou na minha simpatia e torcida para que, tanto no Teatro de Santa Isabel (no próximo dia 2 de julho) quanto na temporada no Teatro Eva Herz (em negociação), “Obsessão” dê muito certo. Ainda no elenco, Sílvio Pinto, Nilza Lisboa, Diorgenes Lima e Tarcísio Vieira.
Por sua vez, reunindo 25 intérpretes masculinos (o que por si só já é uma tremenda loucura), o diretor José Manoel Sobrinho provou com o “Sistema 25”, até então com sessões espaçadas no Teatro Marco Camarotti, que o teatro pode ser uma experiência para além do simples assistir uma peça. Pode mexer com nossos conceitos para a vida. Só alguém como ele, após coordenação no saudoso Projeto Nimuendaju, que levou oficinas e espetáculos para a convivência no sistema prisional de Pernambuco, poderia criar uma obra (em escrita coletiva) que me incomodou bastante, inicialmente, por sua “condescendência” a homens em cárcere e suas tantas referências poéticas a “anjos caídos”. Assistindo ao espetáculo, eu pensava na relação que a “sociedade liberta” tem com ladrões, estupradores, assassinos, traficantes, etc., no entanto, “policiei-me” ao, quase ao final da montagem, reconhecer que pode, sim, haver resquícios de humanidade em gente assim, e isto já valeu por rever meus próprios preconceitos.
Nas quase três horas de duração, Zé fez comunicar a convivência que teve com homens naquela situação quase análoga, sem passar a mão sobre seus erros e práticas nada agradáveis para quem está aqui, do lado de fora. Aquele é um outro universo, mas que também clama por um certo entendimento de (sobre)vida e respeito até, por ter gente que o habita. O elenco, claro que com atuações díspares entre o excesso de teatralidade e uma naturalidade que impressiona, entrega-se por inteiro, certamente participando de uma experiência para além do teatral, que assim como a nós, transforma. Meus senões só foram à trilha sonora, em sua grande parte redundante e dispensável, mas me dando o prazer de (re)descobrir algumas vozes muito boas. A montagem vai cumprir temporada no Espaço Experimental em breve, e torço para que ainda seja vista tanto por policiais quanto por presidiários. O debate é preciso. No enorme elenco, Alberto Braynner, Beto Nery, Billé Ares, Breno Fittipaldi, Bruno Britto, Cláudio Siqueira, Eddie Monteiro, Ednaldo Ribeiro, Emanuel David D´Lúcard, Flávio Santos, Geraldo Cosmo, Guto Kelevra, Hypolito Patzdorf, João Neto, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Nelson Lafayette, Nildo Barbosa, Normando Roberto Santos, Otacílio Júnior, Pedro Dias, Robson Queiroz, Rogério Alves, Samuel Bennaton e Will Cruz.
Bom, conferir “Obsessão” e “Sistema 25” me fez ter a certeza que o teatro pernambucano continua apostando em sua diversidade, tentando dialogar com públicos os mais distintos, e numa clara ousadia de quem o faz, provando que a arte teatral ainda é do COLETIVO em suas múltiplas possibilidades. Parabéns, seus ousados (entre outros que, felizmente, ainda temos)!

 Texto "COM PROPOSTAS BEM DIFERENCIADAS, DOIS ESPETÁCULOS ME CHAMARAM A ATENÇÃO NESTE FINAL DE SEMANA COMO EXEMPLOS DA RESISTÊNCIA DO NOSSO TEATRO", publicado no Facebook.